Ginga de Nós

O carteiro queixa incômodo em levar cartas sempre e invariavelmente para aquele tanto de casas, naquelas mesmas ruas-trilhos, a ordem dos números, rotina ordinária; pois bem, trocou-se seu itinerário, novas ruas-trilhos, nova ordem.
O carteiro queixa prisão ao lavar os olhos antes de acordar, sufocado em seu roteiro a seguir; pois bem, delegou-se a ele total liberdade de escolha no que se referisse a percursos, horários, ordem de casas, ordem de ruas, que cartas ia carregar e tal. Título de correspondente livre-arbitrário no crachá, o carteiro queixa-se ao agachar aos cadarços soltos, no meio de uma rua arbitrária. Queria trazer cartas com mais que de-tal-para-tal, o selinho à direita, o vê do envelope, os venho-por-meio-desta, prezado-senhor, atenciosamente; queria entregar coisas coloridas, objetos radiantes, mensagens telepáticas, intercambiar êxtases, ou algo assim de profundidade e leveza em alguma realidade ultra-lúdica de ações espontâneas com justificação instantânea, ou algo qualquer, de realização e utilidade arbitrárias.
Pois bem, apertou-se o cadarço e o pé do carteiro foi memorizando os paralelepípedos da rua-tal; pela ordem.